sexta-feira, 27 de março de 2009

Reciprocidade e Diferença


Uma das frases que tenho usado recorrentemente quando discuto silenciosamente com algumas pessoas a respeito do meu voto de silêncio é a seguinte: As pessoas tendem a usar o mesmo sistema linguístico que o seu interlocutor. Normalmente, esta frase surge como um ponto final na discussão, mas aqui a usarei como ponto de partida.

Para os que não sabem, o "sistema linguístico" de que estou tratando aqui é um conjunto de signos ou sinais gráficos, fonéticos e gestuais que um indivíduo usa para se comunicar com outro, o seu interlocutor. Quando vêm falar comigo, sempre acontece de algumas pessoas gesticularem ou mesmo não usarem a voz, mesmo me conhecendo e sabendo que não surdo-mudo de fato. Na maioria dos casos, isso não é intencional. É interessante perceber que há uma reciprocidade natural nas relações humanas em geral.

Mas quando se trata das relações entre os falantes, "os atos de notar, comentar e julgar as formas de falar dos outros têm funções de estabelecer quem pertence e quem não pertence a um grupo social, ou quem merece ou não pertencer a uma grupo social" (Garcez e Zilles, em "Estrangeirismos: desejos e ameaças", 2000).

Parece-me, portanto, que entre os iguais criam-se diferenças e entre os diferentes criam-se igualdades.

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